29.12.10



Madrugada.


Cigarros e Absinto o acompanham...


Cachorros latem, na procura de algum salvar.


Motocicletas rasgam, mórbidas, o silêncio .


Alguns cadáveres transitam, vazios, rumo ao nada.


A chuva, junto a brisa, libera o elixir bueral. Desperta; o desejo, pelo mergulho no rio fecal.


Não há sirenes que anunciam o desgarrar terreno, apenas a saborosa tentação de um porre de sangue.


Os anjos não visitam mais e, quando vem, se pussuem.



Sorrisos.


Olhos perdidos, encontrados, em meio a lama.


Murmúrios dos que vendem fácil, o que antes não existia valor.


O girar do tambor estimula a ressurreição. Faz da solidão, a melhor das virtudes! E do ódio, o melhor dos amores...


Uma linda tela em aquarela...





A madrugada segue...




A vitrola mental, xia, King e Hendrix...


Blues...sem piedades !





5.11.10


- O calar é virtuoso. - caminhando, cauteloso, o mensageiro - gera dúvidas, anseios. Um vazio lindo e muito bem aromatizado. Transmuta veias, queimando todo o racional, (no caso de existir tal abominação). Vaga-se, desorientado. Pólos. Linhas equatoriais, e toda essa merda. Nuvens de trapos. Trapos de linho...


O vento batia abafado. Sufocando a tentativa, falha, do suspirar:

- Vê agora, inseto ? Evolução!

- Não achei que chegaríamos tão longe...

- Algodão doce?

- Sim ! Sim !

11.8.10


Atravessou, lentamanete, por entre carros, que o desejavam como um Corvo à carniça. Passavam aceleradamente desesperados, como um fim próximo e invisível. Olhou para o céu, na esperança de um desses carros -corvos-desesperados, o partirem ao meio. Como uma faca, quente, na manteiga.
Ao refletir-se na vastidão negra, entre pontos borrados, e levemente luminosos, sua ideia de tentativa do abraço, ao vasto nada, falhara. Sentiu a encardida alma, sair, vagarosa e friamente.
Seu corpo, já opaco, tremia. como tremem os girassóis, ao sentir a brisa matinal.

Ouvia-se saltos, afiados.




_ E agora, o quê ?? Peste !? - efusivo, o mensageiro -






_ É como se a lua pudesse sorrir...na verdade...




_ Cale suas asneiras, Traste.!

9.6.10


Profundezas, sempre nos chamam. Despertam o desejo pelo salto. o maior já visto. Como se soubesse que flutuará... Flutuando. Parado ao ar, como fazem os colibris. Mas, sem asas. Sem penas. Apenas um saco de carne fétida, dependurada por uma bola oval, ociosa e sem nexo. e se saltar...e não aterrissar mais...chegar ao espaço, e tocar as estrelas...beijar a lua, e desfragmentar-se ao sol. Sem ar. No tenebroso frio espacial. Na solidão sombria e companheira ensurdecendo os pensamentos, que a essa altura, já não funcionam bem. Pensando bem, o não pensar é promissor. Esperançoso. Encorajador.

Estrelas...pontinhos luminosos. Impossiveis de se alcançar.

Impossibilidades...acompanhada da maldita ansiedade. O que foi, não volta. O que vem, quem se importa.
Uma manhã cinza. Como logo após um espirrar vulcânico. Talvez o inicío imediato de um tornado.

O desconhecido, agora, se apossa totalmente de seu corpo, fazendo-o sentir o perfume único da morte. Não há mais sol. A brisa, mutou-se para um vendaval. Deforma a face. Arranca-lhe a pele. Um vendaval! Forte como o odor sádico dos abismos.Como a fumaça do cigarro, que queima lentamente, travando o respirar. Coisas acontecem. Apenas podemos senti-las. Memoráveis. Belissimas nuvens negras. Apoderam-se da mente. Pobre e cansada. Falha. Vazia. Ocupada por vultos.

Uma compahia chega. Gélida e cortante. A chuva. Como pequeninos estilhaços de vidro. Agradável o sangue que escorre, refresca a loucura.

Vivemos pouco, procuramos muito mesmo não sabendo o que querer.

O frio chega. Malicioso e agradável.

1.6.10


Insatisfação. O mal maior. Não tão grande quanto a reciprocidade do dar. fazer. seguir.
O cubo, agora, tem três lados. ou sete. Vagarosamente, consumido pelas magnéticas ondas absmais, restanda-se apenas a escuridão, solitária e confortável. Se pudéssemos voar...e, se, pudessémos ter forças...se pudessémos viver...morrer! a saída mais plausível! mais cortante! a farpa ! o podre. a opção. o fraco. o poder. o abusado. coisas inevitáveis. inaceitáveis,e as vezes, inexplicáveis.
A lama... sangue-sugas drenam todo o sangue. Famintos! pobres vermes. saboreiam outro verme. mais viscoso.
Um sombrio relusente. como o ouro, pobre e amargo.
Sombras o rodeiam. Vultos, inconsientemente criados, ou vindos do mais profundo abismo.
Como, não ousar? não temer? como, não querer? fazer? ... o que?
Quanto mais dor...mais vida.

_ O inferno, meu caro, é vivo! a vida, tenta sempre renascer.

E o impossível, continua sendo o prato mais dolorosamente caprichado.
Saboroso, não !

13.4.10


A metamorfose. Mutação gradativa. Imposição do ser. Deformação cristalina, desenvolvedora da loucura. Dissolve-se. Desmonta. Racha-se poro a poro. Descontrola os sentidos, já descontrolados. Um acumulo vazio. Vasto. Capial. Se é sugado. Esvaindo na imensidão treval.


O aconchegante inferno, novamente.

Sentou ao sol. talvez, na infindável busca de alguma faísca luminosa. Não havendo, torrou-se:



_ A insatisfação mental...apodrece a alma. não achas? - reluzente, o mensageiro - e o que sobra, tenta desesperadamente sair por alguma fenda, odorizada pelo sal. Um pelicano não pousará. É como os caninos do tubarão. Não fura. Rasga. Dilacerando a mente, que já não existe, por agora. Talvez, nunca mais.

Ondas se formam deformadas.




Enquanto isso, o cigarro consome o que resta.

Via-se o mar. sentia-se a brisa. A estafa. A loucura. Uma linha reta e fosca. Um brilho, por detrás das ondas. A espuma, como de fervura. A aurora. O cigarro. Um leito semi-honorário. Vive-se vagarosamente! afunda-se como o tempo do acender lampial. Nuvens. Mar e todas essas almas direcionadas ao profundo vale! a minha, a sua. A sapienza, aqui, é apenas mais um delito. Onde forja-se, na carne, a iquietude. desconfortável. Muitos sonhos por aqui. Desejos infundavelmentes mortais. A escuridão, um ótimo canto para se lançar às trevas, todas as falas pensadas. A noite começa. Veremos o que sobra dessa carne ofuscada por infernos e recheada de ossos.

Uma brisa toca-o, trazendo uma doce e detestavel lembrança.

Como um dia de jantar.

19.2.10


Apesar de carismaticamente falsária, festividades ! Um pequenino pedaço astral. Como sempre nada, de novo. Nada de novo. Apenas a demora do fim. A rápida aproximação do sol. O não estar, e procurar, encontrando a loucura do pensar, do criar...sentir. Se bebe, se come, se lambe, se sua, se frita, se fuma. Um suicídio em massa!

Transitando por entre os corpos vazios, com um copo cheio de algum líquido desastrosamente perfeito, viu-se, ao longe, o mensageiro. Com novidades diretamente do ralo submundano.

_ E onde estavas tu, por todo esse tempo? - perguntou, indignadamente supreso, ao mensageiro -

_ E onde acha que eu estava ?

_ Humm...

_ Belo encontro não! O desalmamento !

E, após alguns soborosos tragos no líquido desastrosamente perfeito, sentiu o inevitável desejo do existir. O desejo mortal da aprofundação. A inconsequente morte da consciência.
Partiu, mais uma vez, ao profundo do inferno, tão próximo, e aconchegantemente necessário.

18.1.10


Quando exala o silêncio mórbido, sons de algum acorde corpóreo transita por entre os poros. Dispersando a sutileza do irreal. Fazendo emergir, o irracional.


Muitas vezes sentia, desesperadamente, vontade de gritar seus questionamentos aos quatro ventos, onde, a seguir, alguma brisa, uma doce brisa, perfumada com a carnificina mundana, lhe traria, jogando fortemente aos seus ouvidos, algum pesar imoralmente descontente.


Certo dia, observando algumas nuvens, gritou, e a tal brisa, transformada em punho, tirou-lhe três dentes de sua podre arcada. O que vinha consequentemente, não era outra coisa se não o questionamento. Um novo. Mais um. Um outro. Mas, dessa vez, esperou as estrelas, junto a lua. E, ao gritar, aguardou a brisa que, metamorfosiada em garras, esfacelou sua carne até os ossos. Não obstante, surgia, como que de costume, outro questionamento. Aguardou a chuva. Cálida e bela. Acompanhada de raios, trovões...infernos! belíssimos infernos!

E, assistindo a esse espetáculo, sentado ao chão, soltou um grito, encharcado de infernos e raios. A chuva, com o auxílio do nobre vento, socava, sem pesares, sua pálida e ossuda face, forçando seus olhos a não verem o A seguir. A brisa. Que já com garras, trazia, agora, dentes enormementes afiados! como o reflexo humano! um demônio. Mordia. Rasgava. Mastigava. Nervo a nervo. Veia a veia. Toda a pele. Todos os ossos.

Após esse prazeiroso encontrar, sem pele, sem ossos, grita, novamente.
E ainda aguarda, no limbo, sentado, em seu castelo.

9.1.10



Um dia, após caminhadas e descobertas infernais, sentou-se. E repousando, sem medir tamanha discordância, deitou-se. Uma paz inexistente, tal como a palavra em si, invadiu suas entranhas, devorando seu apetite, carnalmente desnescessário. Não procurou encontrar razões, até porque, ali, deleitando-se no limbo fulgaz, não havia nada. Apenas o silencioso, furtivo, e aclamado limbo.


Um corvo o observa, sendo observado. Pousa em seu ombro. E com uma irregular afeição, talvez,

olhando em seus secos e miseráveis olhos, diz:




_ huhiuhnui8ebdk !




_ Onde está o mensageiro ?? - indaga -




_ hrehhiuiriuh79hy !




_ Concordo...




E ao voar, plena e belamente, o corvo, jogando aos ares suas indescritíveis plumas negras, recitou, algum tipo de prece, sendo ouvida apenas pelos astros mais altos.


A seguir, sentindo delicadamente sua carne perfurando, observando o absoluto plainar do corvo, foi vagarosamente sentindo os sentidos mundanos. Aqueles que se agarram ao ser, deixando apenas a fétida carne, altamente perfumada com os odores suicidais, insuportavelmente agradável.


O intragável ser. O intragável repousar...



Voa, belissimo, o Corvo.

4.1.10

Dia ...


... e passando por sombrios e, inevitalmente, confortáveis vales, sinto em minha carne,minha pobre e podre carne, um surpirar, profundo e quente, em meio a solitária trevas. - Quem és - eu pergunto, sendo indagado, a seguir, por um silêncio cálido. Inutilmente iluminado por uma lua opaca e amarelada.

Em minha loucura, alguns desses feixos de luz ganham formas. Revelando-me, levemente, seus olhos...esses olhos púrpuros e cintilantes, contrastando, com essa névoa cinzenta.

É, talvez sejam eles - deliro eu - me guiando por abismos. E seu respirar, me aquecendo o frio pavoroso, desse mundo desorientado.


A chuva cai, sem pesares...

2.1.10



Em meio ao confortável inferno, e visando suas possíveis possibilidades de algum motivo menos formalístico, viu-se, deparado com algum tipo de mágica. Não aquelas que fazem a multidão, enfurecida, e, quase sempre, desmotivada, barulhar aclamadamente. Não. Não essa.

Dessa vez, algo...

Uma doce brisa, gélida, como quando passeamos pelas trevorosas barreiras do pensar existencial. Como quando o querer, torna-se uma barreira intranspassável. Sólida. Como as belas e delicadas cores, do rosto decomposto do palhaço. Símbolo. Um inusitado conto grotesco. Algum controle sutil, fútil, da pobre mente humana. Um caminhar prazeirosamente pacífico por entre os mortos.



_ Simplório, meu caro ? - cínico, o mensageiro -



_ Possivelmente !


_ E o que esperas, afinal?


_ humm... nada?


_ Ainda, assim, surpreso.!?



_ Possivelmente.



_ O nascimento, inesperado, do falecer.



_ Mas...estamos vivos?


_ Quem o sabes ? Ademais, o que isso importa.


E, adiante, ardências oculares se seguiam...Cores mesclando formas...

Que, refletidas no chão de água, revelava-nos, nossa minúscula grandeza. A não certeza do drama à afeição; o nobre ao tolo; o controle do cuidar, o controlar do qerer...ser.

Ser? O que? . Melhores? Em que?

Ainda, assim, esperamos. Queremos. Planejamos. Envaidecemos. Escrevemos... cantamos, nossas singularidades. Boçalidades.

Formas mesclando cores...o chão água...


_ O mais importante, - sorrindo, o mensageiro - meu impertinente pedaço de carne fétida, é que ninguém se importa.


_ Nem eu! Nem você! - sorrindo, ao mensageiro -


_ Um cigarro?


_ Por favor!


_ Agradecido. - gargalhando, o mensageiro -



Ah!, o mundo sempre foi, um circo, afinal. Onde todos representam o bem e o mal. Onde a farça, de um palhaço, é natural.
Alguém. que não sei quem.