
Quando exala o silêncio mórbido, sons de algum acorde corpóreo transita por entre os poros. Dispersando a sutileza do irreal. Fazendo emergir, o irracional.
Muitas vezes sentia, desesperadamente, vontade de gritar seus questionamentos aos quatro ventos, onde, a seguir, alguma brisa, uma doce brisa, perfumada com a carnificina mundana, lhe traria, jogando fortemente aos seus ouvidos, algum pesar imoralmente descontente.
Certo dia, observando algumas nuvens, gritou, e a tal brisa, transformada em punho, tirou-lhe três dentes de sua podre arcada. O que vinha consequentemente, não era outra coisa se não o questionamento. Um novo. Mais um. Um outro. Mas, dessa vez, esperou as estrelas, junto a lua. E, ao gritar, aguardou a brisa que, metamorfosiada em garras, esfacelou sua carne até os ossos. Não obstante, surgia, como que de costume, outro questionamento. Aguardou a chuva. Cálida e bela. Acompanhada de raios, trovões...infernos! belíssimos infernos!
E, assistindo a esse espetáculo, sentado ao chão, soltou um grito, encharcado de infernos e raios. A chuva, com o auxílio do nobre vento, socava, sem pesares, sua pálida e ossuda face, forçando seus olhos a não verem o A seguir. A brisa. Que já com garras, trazia, agora, dentes enormementes afiados! como o reflexo humano! um demônio. Mordia. Rasgava. Mastigava. Nervo a nervo. Veia a veia. Toda a pele. Todos os ossos.
Após esse prazeiroso encontrar, sem pele, sem ossos, grita, novamente.
E ainda aguarda, no limbo, sentado, em seu castelo.